Dentro de um Programa do
Governo do Estado do Rio Grande do Sul para promover a cidadania e a
diversidade, criou-se o Programa Rio Grande Sem Homofobia e aconteceram dois
encontros de capacitação sobre Diversidade. No primeiro encontro, a professora
Juliana Soares juntamente com o aluno Marcelo Zanetti participaram do evento,
sendo os difusores do conhecimento adquirido, mesmo sabendo que o assunto
homossexualidade, em pleno século XXI, ainda é um contexto muito delicado. Tendo
em vista que existem inúmeros preconceitos sobre essa diversidade sexual
presente tanto em casa como na escola e que os adolescentes estão descobrindo e
afirmando sua postura de gênero dentro do seu cotidiano escolar, criou-se o “CONHECENDO,
ENTENDENDO E RESPEITANDO CADA GÊNERO”, cujo principal objetivo é conscientizar
a comunidade escolar sobre a existência do preconceito homofóbico e proporcionar uma reflexão sob a luz da
igualdade social de diretos e deveres, visando à difusão de uma cultura baseada
na harmonia e na paz.
É preciso falar de homofobia e
reconhecê-la como um problema real.
O termo “homofobia” é comumente usado em referência a um conjunto de emoções
negativas (tais como aversão, desprezo, ódio, desconfiança, desconforto ou medo),
que costumam produzir ou vincular-se a preconceitos e mecanismos de
discriminação e violência. Trabalhar para problematizar a
homofobia do cotidiano escolar é, portanto, trabalhar por uma escola melhor
para todas as pessoas. Afinal, a homofobia é fator de mal-estar, insegurança,
angústia e sofrimento; homofobia vulnerabiliza e exclui; e em alguns casos
dramáticos a homofobia mata.
Nesse sentido, a
professora Juliane desenvolveu um projeto conforme o Programa Rio Grande
Sem Homofobia, sendo sua aplicabilidade primeiramente em apenas quatro turmas
(duas 7ªs séries e duas 8ªs séries). Em uma primeira proposta foi apresentado aos
alunos, por meio de uma conversa informal, o que significa homossexualidade e
homofobia. Na segunda proposta do projeto, as turmas assistiram ao filme:
“Orações para Bobby”, pois a utilização do vídeo na escola provoca inquietação,
serve como abertura para um determinado tema, age como um tensionador, na busca
de novos posicionamentos, olhares, sentimentos, ideias e valores. O contato de
professores e alunos com bons filmes, poesias, contos, romances, histórias,
pinturas, alimenta o questionamento de pontos de vista formados sobre novas
perspectivas de interpretações de olhares e percepções, sensações e avaliações
sobre diversos temas com mais profundidade. A intencionalidade do vídeo foi
provocar a reflexão inicial sobre o que é homossexualidade. A terceira proposta do projeto foi realizada dia
19/10/12, uma importantíssima palestra com a enfermeira Denise Dal Ri, criadora
do blog de SOS homossexualidade, para
discutir com mais conhecimento com os alunos, o que é homossexualidade,
homofobia. A mesma abordou os conflitos gerados na adolescência, sobretudo para
os adolescentes homossexuais, tendo em vista que a descoberta ocorre
normalmente neste período.
Segundo Denise, essas palestras têm como objetivo a diminuição do
preconceito e do bullying que infelizmente ainda ocorrem devido à dificuldade
de entendimento sobre o que realmente é homossexualidade. Essas “brincadeiras”
agressivas levam as pessoas a uma baixa da autoestima que pode desencadear uma
depressão, lembrando que muitos adolescentes entram em conflito quando se
descobrem homossexuais, por vezes pensando em suicídio como uma alternativa ao
seu sofrimento. Isso se deve a sua não aceitação em virtude da condenação que a
sociedade impõe, e em alguns casos da própria família.
Afinal, muitos acreditam que ser homossexual é uma opção, quando na
realidade isso é uma questão de sentimento, como ocorre com os heterossexuais.
Se relembrarmos o passado veremos que desde nossa infância já achávamos bonito
um determinado gênero (masculino ou feminino), sem conotação sexual, apenas de
sentimento demonstrando o que designa nossa orientação sexual, comenta Denise.
“Devemos nos despir de pré-conceitos e usar mais da empatia, colocando-se
no lugar do outro, pois ser homossexual ou heterossexual em nada interfere em
nossas vidas e independe de nossa opção, simplesmente nascemos assim”, afirma
Denise.
A existência desse projeto possibilitou a realização de ações reflexivas
e propôs mudanças nas ações dos próprios alunos por proporcionar-lhes um
momento de cidadania jamais vivenciada anteriormente. Enquanto educadora, sinto-me feliz, em ter realizado essa prática, e
verificar os bons resultados colhidos nesse momento, sabendo que pude engrandecer
nos meus alunos valores de ética e cidadania. Por ter contribuído no
aprendizado e na formação deles como pessoas, para assim, sem medos, nem
preconceitos, para todos vivermos dentro do possível em harmonia e felicidade. Não
podemos mover montanhas, mas podemos ao menos tentar fazer a diferença! A
realização dessa pesquisa já abriu o debate e a reflexão sobre este tema na
nossa escola, espera-se que a disseminação desse estudo estimule a participação
de toda a comunidade escolar, e que junto às autoridades educacionais, desenhem
e coloquem em prática estratégias e ações de combate à homofobia.
Colaboração:
Professora Juliana Nienow