quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Olimpíada de Língua Portuguesa: mais que um concurso, uma oportunidade de formação continuada


Mesa-redonda


A Olimpíada de Língua Portuguesa realizou nos dias 30 e 31 de outubro, em São Paulo, o Seminário Nacional Olimpíada em Rede, com vistas à formação continuada que se propõe fazer e oferecer aos professores de Língua Portuguesa.
A professora Jocelene Trentini Rebeschini, da Escola Ernesta Nunes, que já teve dois alunos, respectivamente em 2010 semifinalista (medalha de bronze) e em 2012 finalista (medalha de prata), esteve presente ao evento, desta vez oferecido à rede de ancoragem da Olimpíada, a qual é composta por secretarias municipais e estaduais de educação e aos mediadores dos cursos a distância oferecidos pelo Cenpec, entidade que organiza a Olimpíada, inclusive com material teórico de apoio. A professora Jocelene participou como uma das mediadoras dos cursos a distância.
Entre os assuntos tratados no Seminário, destacou-se o estudo "Ecos das cidades na voz dos jovens", apresentado pela representante do Cenpec Maria Tereza Cardia. O estudo foi realizado com base em uma amostra de seiscentos textos da categoria artigo de opinião que chegaram até a Olimpíada entre 2008 e 2012, com a intenção de analisar o conteúdo desse material. O vídeo com a apresentação deste estudo está disponível no site da Olimpíada http://escrevendo.cenpec.org.br/.
Um dos aspectos que podem ser enfatizados a partir do estudo é que este reafirma a necessidade de o professor trabalhar com o gênero artigo de opinião em sala de aula, levando o aluno a ir muito além da denúncia (descontentamento) dos problemas que existem na realidade que o cerca, ou seja, é preciso levar o educando a argumentar, tentar interferir na sua realidade, ensinando-o a resolver os problemas pela palavra, e não pela força. Além disso, o estudo mostra, entre outros aspectos, os temas eleitos pelos alunos e, dentre eles, destacam-se a questão econômica, emprego, desigualdade, infraestrutura e serviços públicos.  A temática da criminalidade e segurança é apontada em textos de alunos de municípios com mais de 50 mil habitantes.
Em seguida, foi realizada uma mesa-redonda  com a participação da jornalista e escritora Eliane Brum, do apresentador João Alegria (Canal Futura) e do antropólogo Alexandre Barbosa Pereira (da Unifesp). A mesa-redonda também está disponível no mesmo site. Cada um dos participantes da mesa-redonda analisou os textos sob um determinado aspecto. Um dos pontos mais polêmicos desse momento foi a questão apresentada pela jornalista Eliane Brum, que destacou a sua preocupação em relação a esse gênero, que deveria ser aquele com maior presença de singularidade e marcas de autoria. No entanto, a voz própria do aluno muitas vezes cede lugar à padronização do gênero. Na opinião dela, isso ocorre pelo fato de que os outros gêneros trabalhados pela Olimpíada são literários, ao passo que o artigo de opinião segue o modelo dos textos publicados em jornais.
Para a professora Jocelene, está aí o desafio lançado ao professor de Língua Portuguesa: "Levar o educando a atender aos critérios de avaliação do gênero artigo de opinião, sem que ele abra mão da sua singularidade, já que a jornalista enfatizou a importância de acolher os alunos nas suas diferenças. O professor, como disse Eliane, deve pensar muito na questão que se impõe no ensino de língua materna: muitas vezes, com a justificativa de incluir, a escola exclui (pela padronização)".
Outros momentos importantes da formação aconteceram com a superintendente do Cenpec, Ana Helena Altenfelder, e a representante da Fundação Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, que falaram sobre a formação de professores e a frágil relação entre teoria e prática, assim como a professora Heloísa Collins (da Fundação Vanzolini) expôs sobre a mediação em ambientes virtuais de aprendizagem.
Um ponto muito importante enfatizado durante os dois dias do Seminário foi a questão da oportunidade de formação continuada oferecida pela Olimpíada de Língua Portuguesa aos professores de Língua Portuguesa ou mesmo aos pedagogos, seja por meio dos materiais disponibilizados (Revista Ponta do Lápis, Cadernos com os quatro gêneros textuais propostos pela Olimpíada, na metodologia da sequência didática, entre outros), tanto impressos como disponíveis no ambiente virtual, seja por meio dos cursos disponíveis em ambiente virtual (atualmente dois estão em andamento - Sequência Didática: Aprendendo por Meio de Resenhas e Caminhos da Escrita). A Olimpíada de Língua Portuguesa, que em 2014 realiza a sua quarta edição, é um projeto em larga escala que visa maior qualidade no ensino de língua materna. Mesmo culminando com um concurso de textos, essa competição ocorre de forma colaborativa, conforme enfatizado pela jornalista Eliane Brum, já que os textos são frutos da interação entre professor e aluno, aluno e comunidade, aluno e conhecimento, demonstrando a conexão com as temáticas de um mundo contemporâneo no qual os jovens estão inseridos.
Na ocasião, ainda foi apresentado o desenho da Olimpíada de Língua Portuguesa para 2014, inclusive com a data de adesão para estados, municípios e escolas.

PERGUNTE À OLÍMPIA

Na página da Olimpíada (veja site acima) também está disponível o espaço Pergunte à Olímpia, destinado a esclarecer dúvidas sobre a Língua Portuguesa de professores e estudantes, os quais podem escrever, perguntar à vontade e, às terças-feiras, as respostas são postadas.

 Professora Jocelene

 Mediadores do RS junto com representante da Seduc e representante da Undime

 Mediadoras do RS em momento de formação


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